E vendo o documentário de como foi feito Edifício Master (q eu adorei, aliás) vi um Eduardo Coutinho, dinossauro do cinema, que me lembrou meus personal dinossauros, dos tempos de TV. OU seja, Wilton Franco, fumando 4 maços de Charm por dia e arrasando no ponto eletrônico. Eu era assistente, ouvia o mesmo ponto que os apresentadores, tudo que ele dizia, e fala sério, dinossauro que é bom dinossauro sabe o q dizer o tempo todo, tem seu público na ponta da língua.
Lembrei q fiz um currículo em prosa, que reproduzo abaixo - somente a parte dino-band. 3 vivas pros DINOs e para Wilton Franco - aliás mais um viva pro Carlinhos Franco q era diretor daqueles tempos, e foi pro céu dia destes, pro retiro celestial dos artistas, onde Auad o espera, tocando todas as noites Vida de Gado pra nós que ficamos aqui!
Começo como profissional em 1997, quando, cursando faculdade de Comunicação Social, e, tendo optado por Rádio e Televisão, consegui um estágio na Rede Bandeirantes de Televisão, no núcleo de Wilton Franco, para fazermos um programa de entretenimento chamado Brasil Verdade, esse programa, como alguns do mesmo diretor, tinha um caráter um tanto quanto popular, e uma certa dose de, digamos, sensacionalismo, na era pré-Ratinho. Paralelamente, acontecia a explosão dos Merchans, os Testemunhais estavam começando a tomar força naquela época, por meio de cerca de 12 inserções durante um programa de 60 minutos de duração. Esta nova visão comercial foi a ascensão e queda dos diretores, pois estes iniciaram o projeto tendo assinado com a emissora pequeno salário e grande participação nos lucros provenientes desta categoria de publicidade. Meu trabalho consistia em ler as cartas dos telespectadores, em geral pessoas de pouca cultura, péssima caligrafia e necessidades gigantescas, ler e resumir em 3 linhas, escrito a canetão, em caixa alta, quase um berro. Conhecer aqueles segredos, e aqueles pedidos de ajuda, tentando tirar do grande volume alguma coisa comercialmente interessante. Paralelamente ás cartas, esses telespectadores também solicitavam ajuda através de um telefone 0800, que mais permanecia fora do gancho que funcionando e alguns vinham pessoalmente. A emissora estabeleceu algumas regras para as visitas, então, apenas determinado número de pessoas podia entrar, por isso eles chegavam bem cedo, mas a equipe de produção somente chegava após as 11, e eu, após a uma da tarde. Nessa hora, havia, num banco de madeira, no corredor em frente a nossa porta, cerca de 15 pessoas, ou vinte, visivelmente sem se alimentar desde muito cedo, visivelmente em precária situação financeira e obviamente sem recursos ou conhecimento de como obter ajuda. Alguma das meninas tinham que pré-entrevistar essas pessoas, anotar seus nomes, seu caso, e passar ao diretor, que decidiria se elas entrariam no ar, (só para as comercialmente viáveis) ou voltariam pra casa. No geral essas pessoas voltavam pra casa, muitas não tinham sequer o dinheiro da condução, pois esperavam encontrar “O milagre” na TV, algumas vezes conseguíamos que os carros da produção levassem essas pessoas, ás vezes não, teve até vaquinha entre a equipe pra pagar táxi pra telespectador pobre, doente, que não tinha como entrar no ar nem como ir embora. Essa tarefa raramente sobrava pra mim (ainda bem). As rotinas do estágio ainda incluíam suporte para as produtoras no agendamento de pautas, acompanhamento de convidados famosos e comuns, e também uma tarefa muito gratificante, que era “esconder” os parentes que se reencontrariam após anos de distância num daqueles quadros de reencontros, apelativos e emocionantes. Após pouco tempo, Marcos Resende, um dos diretores, me passou uma nova tarefa, além de controlar as entradas dos merchans, teríamos que manter um histórico dos programas, pois com os temas polêmicos ás vezes levantados no programa, a emissora recebia alguns processos, e para atender com maior agilidade o departamento jurídico que precisava ver o material para elaborar a defesa, montamos um arquivo do conteúdo dos programas, em word, muito precário, (usávamos windows 95), e tínhamos apenas um computador para toda a equipe de produção, cerca de 30 pessoas, e mais um para o diretor Marcos Resende, persisto em seu nome, pois este foi um dos meus chefes mais brilhantes, senão O mais. O barulho de várias máquinas de escrever teclando (datilografando?) ao mesmo tempo, misturado com as vozes das pessoas falando alto e ao mesmo tempo marcavam a produção. Eu passava todo o tempo do programa dentro do estúdio, usando o ponto eletrônico, e congelando no ar condicionado. Essa passagem também me fez admirar Wilton Franco, eram suas as palavras de todos os apresentadores, ele as ditava pelo ponto, ditava o texto, e a entonação, e a pausa ele também ditava, e, por melhores que fossem os profissionais, eu, como telespectadora, preferia ouvir pelo ponto, o que era repetido a seguir, como um eco distorcido.
Programa no ar, eu de prancheta, anotava tudo que acontecia, descrevia os merchans, cronometrava inclusive, e assim que acabava e a maioria da produção ia embora, eu sentava no micro, provavelmente um 486, e redigia o que tinha acontecido. Este arquivo era gravado em um disquete toda noite antes de ir embora, e deixado sobre a mesa do Marcos Resende. Primeira tarefa ao chegar no dia seguinte consistia em sentar e fazer a correção do texto. O homem corrigia meu texto, na minha frente, todos os dias, e me dava umas broncas se saísse ruim.
Apesar do sucesso que fazia, tínhamos média de 4, ou 5 pontos de audiência para a tarde, o que era considerado sucesso para a emissora e o horário, o programa saiu do ar no final de 1997, dando lugar para um formato mais jornalístico. Alguns membros desta equipe, inclusive eu, fomos mantidos para a produção do novo programa que ocuparia o horário, e nesse processo pudemos aprender como nascia realmente um programa jornalístico, saem Wilton Franco, Marcos Resende e Carlinhos Franco, entra em cena Carlos Amorim dirigindo, e Marcos Hummel como apresentador, novo formato, novo estilo, novo texto, material gravado, equipes de externa, decupagem de material, trabalho nos feriados, uma promoção para assistente de produção. Agora eu marcava algumas pautas, saía para acompanhar externas, decupava montanhas de fitas Betaccam, e carregava essas montanhas pra cima e pra baixo nas escadas.O núcleo ao qual pertencíamos, além de produzir este programa da tarde, chamado Tempo Quente, também tinha como responsabilidade alguns documentários que eram realizados em intervalos irregulares, chamados “ Linha de Frente” e coberturas de grandes eventos, como a morte de Leandro da dupla sertaneja Leandro e Leonardo, fato que nos rendeu o único Ibope de dois dígitos durante toda minha passagem pela casa, uma madrugada em pé e uma prova perdida. As rodadas de rede na cobertura da copa de 1998 também ficaram a nosso encargo, e nessa experiência pudemos participar de entradas ao vivo em várias cidades do país, e acompanhar também in loco alguns links em São Paulo. Este núcleo foi encerrado no final de 1998, quando me despeço da TV Bandeirantes
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Continua..um dia posto o resto
É vero!!! Bons tempos!
ResponderExcluirO Carlinhos foi para a Colônia dos Artistas no Céu se encontrar com o Auad e o Jesse James! Lembra?! Queridíssimo também!
Já o Wilton... Pode até ser portador de um incrível dom da oratória (apesar de só ter estudado até o terceiro ano primário), porém moralmente... Aff... Vide a lembrança do nosso "paranormal" Urandir... Duplo Aff...
O Wilton Franco só não esteve em frente das câmeras no caso do pgm "Brasil Verdade" na Band devido aos mais de 140 processos pendentes contra a sua pessoa desde a época do Povo na TV. Então ele se divertia fazendo dos nossos apresentadores perfeitos marionetes! Pobres Juan, Carla, Ana Paula, Silvinha,... Só a Dra. Rose se salvava! Lembra?
Mesmo assim eu morro de saudades da melhor produção de caráter humano que convive durante toda a minha carreira jornalística/radialística.
Saudades d´ocê também, viu? Lenda Viva...
Beijocas